sábado, 30 de junho de 2012

Balelas















O editorial do PÚBLICO de hoje intitula-se “A inútil desventura do ministro Álvaro” e estabelece o paralelo entre as agressões a Mário Soares e a Álvaro Santos Pereira.

«A inútil desventura do ministro Álvaro. Foi já há um quarto de século, mas muitos reterão ainda na memória as imagens da conturbada viagem de Mário Soares, então candidato à Presidência, à Marinha Grande. Foi, como se sabe, agredido por sindicalistas e manifestantes ligados ao PCP. Resultado: em lugar de descer nas sondagens, subiu. E tornou-se Presidente da República. Ontem, na Covilhã, o ministro da Economia, Álvaro dos Santos Pereira, experimentou os efeitos da ira popular e teve que ouvir, inclusive, da boca do autarca local (por sinal, do PSD) que, “para algumas pessoas, o único Governo que se preocupou com os trabalhadores foi, em 1975, o Governo de Vasco Gonçalves”. O ministro ainda tentou dialogar, sem êxito: foi insultado e um dos manifestantes atirou-se para cima do carro onde seguia. Isto garantiu-lhe escolta da GNR, desistindo da cerimónia. Mas foi, na verdade, uma desventura inútil: quer para os manifestantes, quer para o Governo, que não subirá nas sondagens por causa disso.»

Não me interessa o que aconteceu. Apenas pretendo dar nota do mau jornalismo de que o “Público” se serve para informar, ou antes intoxicar, os seus já poucos leitores - de Janeiro a Abril perdeu 1972 exemplares diários, vendendo em média cerca de 29 931 exemplares, 11,6% de quota de mercado.

O sublinhado a vermelho, feito por mim, no editorial deste pasquim, é ostensivamente uma forma de enganar os distraídos. Da boca do autarca local, o que o país ouviu, foi só e apenas a constatação de que para estes manifestantes, que não para ele próprio como é evidente, em Portugal parece que só houve um verdadeiro governo. O de Vasco Gonçalves. Tudo o resto foi mau. Foi só isso o que o autarca disse para significar que há gente que ainda anda a reboque do Partido Comunista Português, como se daí tivesse vindo alguma coisa boa para todos nós, e não o que intencional e maldosamente o Público deixa patente nas entrelinhas do editorial.

Melhor teria sido que, quem assim escreve, tivesse ido à manifestação de boina na cabeça e pin de Che Guevara ao peito. Ficávamos de imediato elucidados quanto ao que se escreve neste periódico do PREC e poupávamos o esforço e a paciência parar aturar este ignóbil jornalismo. Pobres jornalistas. Com estes vislumbres mentirosos e persecutórios o que de melhor vos poderia acontecer seria andarem a recolher as muitas sobras do vosso pseudo-jornal.

Sejam honestos em relação aos vossos leitores! Quer eles sejam comunistas, social-democratas, centristas, extremistas, o que for. Mesmo que os manifestantes tenham razão, o significado e o sentir de quem os não apoia deve ser traduzido fielmente, tal e qual como é expresso. Nunca tentanto deturpar/manipular sub-repticiamente o que é dito. Emendem-se jornalistas-fatelas.

Já agora deixem-me dizer que também gostei da extrapolação jornalístico-científica : « ... mas muitos reterão ainda na memória as imagens da conturbada viagem de Mário Soares, então candidato à Presidência, à Marinha Grande. Foi, como se sabe, agredido por sindicalistas e manifestantes ligados ao PCP. Resultado: em lugar de descer nas sondagens, subiu. E tornou-se Presidente da República... ».  Adoptando tão profundo raciocínio, por mim, mais valia que não lhe tivessem batido... Mas para Álvaro Pereira, esta manifestação, na opinião do jornalista, fê-lo descer ao inferno. Por mim, mais valia que lhe tivessem batido pois seguindo a mesma linha de raciocínio essa teria sido a condição para o levar ao céu. E ele bem o merece. O céu e sorte para o esforço que faz de modo a apagar o que nos deixou o fugitivo de Paris.

Mário Rui

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